sexta-feira, 6 de abril de 2012

O deserto, de fato - parte 1


Os diversos passeios nos arredores do povoado é o que leva tantos turistas à San Pedro de Atacama. As possibilidades são efetivamente impressionantes: os tours contemplam vistas que correspondem às imagens típicas de um deserto, mas oferecem também lagoas, salares, geysers e, quando chove, até neve.

(Um dos geysers do campo geotérmico de San Pedro)

O ideal é ficar no mínimo 3 dias na cidade para garantir que haverá tempo para aclimatar-se, conhecer mais de uma agência e escolher o passeio que mais gostar É impossível conciliar noitadas com uma maratona de passeios, já que muitos deles são feitos pela manhã e a altitude faz tudo ficar bem mais difícil.  Se não quiser escolher entre a balada e a vida de aventureiro, tem que passar mais tempo na cidade.

Pero hospedarse dónde?

A qualidade e o preço que você vai encontrar nos hotéis de San Pedro é bem variável. Geralmente os ônibus que chegam ao terminal do povoado são cercados pelos chamados “hunters” – pessoas pagas para levarem os turistas à determinados hotéis ou hostel. Se o hostel está vazio é possível negociar um bom preço. Caso contrário, geralmente se paga R$32 por noite sem café da manhã. A grande questão desse jogo é que comumente as pessoas se hospedam no primeiro lugar a que são levadas, até por dificuldades de mobilidade. Importante observar que as hospedagens mais próximas ao centro do povoado são mais caras e atendimento em inglês é menos comum do que se pode imaginar.

(Caracoles, a principal rua da cidade é a que mais tem agências de turismo)

Além dos hostales, como chamam no Chile, San Pedro oferece também os outros extremos. existem dois campings e alguns hotéis de alto luxo no povoado. Os campings não oferecem grande estrutura, mas podem sair à R$16 por dia. Sobre a estrutura dos grandes hotéis, eu prefiro ilustrar com o link do Kunza.

Enfim, os tours

O valor dos passeios são sempre negociáveis e dependem da quantidade de pessoas do grupo, movimentação da cidade e necessidades das agências. A qualidade deles é quase circunstancial.

(Rua da Agência em que trabalhava em dia de chuva. Lama, literalmente)

Muitas questões relacionadas sobre a maneira como esses tours são organizados e feitos me impressionaram. Comecemos pelo fato de que basicamente qualquer pessoa que tenha dinheiro para investir em infraestrutura pode abrir uma agência de turismo lá. Se tomarmos em conta que eu comecei a vender os tours sem ter feito nenhum deles, dá pra entender a confiabilidade das informações que se pode receber.
Obviamente nem todas as agências são iguais. Muitas delas têm guias e vendedores realmente experientes, mas talvez o mais importante a ser revelado seja o fato de que escolher a agência que mais te agrada ou parece confiável nem sempre garante que o serviço será prestado por ela.

Sim, é absurdo e acontece. Pelo desgaste dos carros e custos gerais dos passeios, se o número de passageiros que compra um determinado tour não for considerado rentável, a agência geralmente transfere esses passageiros para outra, pagando um valor de mercado que chamam de trapaso e não comunicam o cliente. Como existe uma lista de tours regulares que não varia muito entre diferentes empresas, o que as agências fazem é contar com o serviço umas das outras para vender pacotes e não perder nenhum passageiro.

(Agência de tours em San Pedro. Foto tirada desse link)

Exemplo: se apenas uma pessoa compra um passeio a 20 mil pesos chilenos em uma agência x, uma agência y recebe essa pessoa como se fosse seu passageiro por 18 mil pesos chilenos pagos pela agência x.

Não é difícil prever os malefícios dessa estrutura: quando um passeio dá qualquer problema, geralmente as agências não têm muito como averiguar ao certo o que acontece e a responsabilidade nunca é “de ninguém”.


Como lidar?

Seguem algumas dicas que não garantem mas podem ajudar a fazer a melhor compra:

 - Tudo o que você quiser saber, pergunte. Não pense que nada está implícito na fala do vendedor e garanta que absolutamente tudo que você espera do passeio esteja acertado ou  seja possível de acontecer.

 - Simpatia não é profissionalismo. Assegure-se de que as informações que você recebe são verdadeiras. Conversar com outros turistas sobre os tours que fizeram pode ser muito útil.

(Mini vans, o trasporte mais comum dos passeios)

 - Agências grandes não costumam traspassar passageiros, mas recebê-los. Comprando com elas as chances de ter o serviço prestado por elas mesmas é bem maior.

 - Por outro lado, grupos muito grandes costumam fazer tours menos interessantes, ou personalizados. Como cada passeio depende da interação com o guia e conseguir um grupo fechado de 7 pessoas, por exemplo, pode ser muito útil para fechar um pacote e fazer todos os passeios com uma mini van. Além disso, se o grupo se repete a interação com o guia costuma ficar mais amistosa e possibilitar maiores negociações entre os roteiros formais e os interesses do grupo.

Quer saber mais sobre as aventuras de Tamira no deserto? Clique nesse e nesse link e aguarde o próximo post sobre os tours em San Pedro de Atacama

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